POESIA ERÓTICA: DAMA AO PRATO

 

DAMA AO PRATO

 

Hoje me senti uma “Dama ao Prato”,

no cardápio de um restaurante vulgar à beira da estrada.

Você me queria, então colocou seus olhos,

em todos os condimentos,

que o consomê tinha detalhado.

Você sentiu o aroma dos anos de longe,

a fragrância da experiência de vida,

e o desejo de intimidade selvagem,

com um toque picante de vulgaridade.

Você ouviu cada movimento

de quem preparou o prato,

e o cuidado que ele teve para não queimar nas chamas

de um fogão a lenha…

Sim…

Porque bons sabores são cozinhados,

a fogo lento,

sem pressa,

sem tempo de comanda.

Observou como as cores de cada ingrediente,

se derreteram minutos antes,

apenas em um prato frio,

que agora está queimando por seu conteúdo.

Então, de colher em colher,

você tomou cada parte de mim,

que não estava mais claramente definida,

naquele que você escolheu como prato para saciar,

a sua fome instintiva.

Talvez você tenha ingerido minha razão,

ou avidamente meu sexo,

ou quem sabe você comeu meu coração,

como um selvagem implacável que deseja o troféu,

de sua caça vulnerável e fácil.

Depois da fumaça, minutos no fogo,

a “Dama ao Prato” é servida…

Sua idílica bandeja de prata esquecida,

agora tornara-se um simples porta-pratos de papel.

Pratos de porcelana são trocados por um

recipiente reciclado,

a que outras bocas já chegaram,

bem como os talheres que agora o bebem,

cortam,

tragam,

sem pensar.

A “Dama ao Prato” está nua,

modificada em seu sabor,

desejando que o cliente pelo menos,

saboreie esse conteúdo com fome,

pois foi finamente preparado.

Talvez volte àquele restaurante e peça novamente:

“Dama ao Prato” …

Quem sabe, peça para um ou para dois...

Ou quem sabe, nunca mais volte

Para provar o mesmo sabor!